VOLUMES SAUDÁVEIS EM TODOS MERCADOS
Volumes de Embalagens Sustentáveis (papelão ondulado) aumentaram 9% em relação ao 1T23 acima do crescimento do mercado de 5%, com acréscimo capacidade pelos investimentos do projeto Gaia II.
Frente ao 4T23 os volumes de papelão ondulado caíram 7%, mas isso é esperado pela sazonalidade, com o 4T mais forte pelo Natal.
Volumes de Papel para Embalagens Sustentáveis (Papel) aumentaram 2% versus o 1T23 e 6% frente ao 4T23 com vendas adicionais no mercado externo.
O recém aprovado Gaia XI - Reforma da máquina 5 terá investimento de R$ 84 milhões aumentará em 7% a produção de papel.
Volumes de Resinas Sustentáveis (Breu e Terebintina) caíram 2% frente ao 1T23 e aumentaram 139% frente ao 4T23, marcando retomada do mercado.
PREÇOS EM QUEDA SEGUINDO QUEDA DOS CUSTOS, mas próximos trimestres já devem melhorar com repasse de inflação
Os preços de Embalagens Sustentáveis (Papelão Ondulado) caíram 10% (R$/ton.) em comparação ao 1T23 e ficaram estáveis em relação ao 4T23.
O cenário permanece competitivo e a estratégia da Irani é manutenção do patamar de preços. Alimentos são 75% das vendas da empresa neste setor, sendo 40% de proteínas como para a BR Foods e 26% alimentos industrializados
No segmento de papéis para embalagens os preços médios caíram 9% em comparação ao 1T23.
Como resultado de aumento de volumes e quedas de preços, a receita líquida caiu 6% no 1T24 frente ao 1T23
Margem bruta excluindo a depreciação perto da máxima histórica
A margem bruta da empresa de 40,7% no 1T24 parece se normalizar em um patamar acima dos 30% em 2019, antes da explosão de preços de venda de papel e embalagens devido a pandemia de covid, refletindo os investimentos em produtividade realizados pela Irani como projeto Gaia.
Quando excluímos a depreciação, que é um item não caixa que aumentou significativamente pelos altos investimentos recentes do Projeto Gaia, de quase R$1 bi, vemos que a margem bruta da Irani está próxima do patamar máximo conforme a área cinza do gráfico abaixo.
A margem bruta está beneficiada pela queda de preços um dos seus principais insumos, as aparas de papel, que já retornaram o preço pre pandemia
A margem operacional sem considerar receitas de ajustes de ativos biológicos de 16,4% no 1T24 também parecendo se normalizar em patamar superior aos 15,6% pré covid.
EO BITDA Ajustado de R$ 117 milhões no 1T24 foi 9% menor em relação ao apurado no 1T23, com uma margem EBITDA foi bem decente de 30,5%. O EV/Ebitda anualizado está em 6,7x.
A Irani (RANI3) teve lucro líquido de R$ 41 milhões no 1T24 queda de 51% em relação ao 1T24 redução de preços do segmento Embalagens Sustentáveis (Papelão Ondulado), redução do valor justo dos ativos biológicos, maior depreciação devido aos investimentos de quase R$1bi da Plataforma Gaia, e maior despesa financeira pelos mesmos investimentos.
Com P/L anualizado de 13x a Irani não é uma barganha total, mas é a empresa mais descontada do setor, veja:
A relação dívida líquida/EBITDA foi de 2,10x no 1T24, contra 1,51x no 1T23. A elevação se deve aos desembolsos com a Plataforma Gaia e redução do Ebitda pela queda de preços.
A dívida liquida/ ebitda está abaixo dos parâmetros máximos de 2,5x acordados com credores e 95% da divida é de longo prazo, sendo 99% em reais.
A dívida líquida, no entanto, está em trajetória de redução após a maior parte dos desembolsos da Plataforma Gaia já ocorridos.
Pontos importantes para a tese e expectativas dos gestores explicados na teleconferência!
Evolução do mercado doméstico para o papelão ondulado:
Estão muito otimistas com o mercado interno, a taxa de desemprego está muito baixa no sul e sudeste que são os mercados que a irani atua, o endividamento das famílias está reduzindo, o crescimento esperado do PIB de 2,5% em 2024 vindo não apenas do agro como em 2023. O crescimento vem de comercio, varejo e serviços que tem um impacto muito forte no negócio da irani.
Dinâmica do setor de alimentos
O setor de alimentos é importantíssimo para a Irani com 70% das vendas de papelão ondulado e grande participação de frigoríficos nestas.
O prognóstico para o setor de alimentos é excelente, com a elevação do mercado interno dado o aumento do salário-mínimo junto com desemprego em queda, o que aumenta a base de renda e o consumo de alimentos na base da pirâmide social.
Resinas (Breu e terebentina)
O mercado de resinas está melhorando em relação a 2023 que foi um ano muito difícil e os preços reagindo, de forma que esperam resultados melhores.
Este negócio é muito cíclico. Alguns anos foram muito fortes e em 2023 foi um freio de arrumação do negócios com menos demanda principalmente da china. Em 2024 deve ser melhor.
Cenário de preços para 2024:
O cenário de preços para 2024 é positivo e de repasse da inflação, após queda forte de preços em 2023.
As negociações são realizadas cliente a cliente e por isso se arrastam um pouco, mas a gestão espera repassar a inflação nos preços do papelão ondulado.
Em resinas, que são comodities internacionais, o mercado já se mostra um pouco melhor e com os preços reagindo.
No mercado de papel o cenário é um pouco mais complicado para os papeis da máquina 1 de maior gramatura e já estão repassando preços e inflação no papel de baixa gramatura, indicado para panificação e outros usos.
A entrada de novas capacidades podem impactar no repasse de preços, mas a gestão vê um ambiente favorável para aumentar preços e repassar a inflação, mesmo assim.
Riscos de novas capacidades por concorrentes
Não parece para a Irani que os competidores que estão colocando novas capacidades é de busca por ganhar share em volumes e tem uma grande responsabilidade com rentabilidade pelas grandes empresas.
Estão projetando um crescimento de 3% ao ano e só com isso é necessário 100 mil ton por ano de capacidade nova para dar conta do mercado, por isso não veem grande pressão.
Custo de Aparas e oferta de fibra virgem
Após forte queda em 2023 recentemente ocorreu uma reversão e pequena elevação de preços de aparas, mas nada relevante ainda, ocorrido pelo desestímulo aos catadores dado os preços muito baixos.
As condições estruturais persistem com quantidade muito maior de fibra virgem no sistema mesmo com maiores exportações de papel neste 1T, o que por um lado ajuda nos preços do papel no mercado interno, mas por outro lado leva a menor oferta de fibra virgem no mercado interno.
No entendimento da Irani o mercado de aparas tem recebido mais fibra virgem de forma estrutural e por isso há consequentemente uma maior disponibilidade de aparas.
A Irani não vê restrição da apara como ocorreu na pandemia, principalmente com a entrada de duas novas maquinas de fibra virgem.
Redução de custos adicional com investimentos da Plataforma Gaia
Deve ter redução de custo de energia já que a nova turbina entrou em operação 09/03/24 e desde este dia a energia produzida pelo Gaia I está em toda sua capacidade.
Também deve ter ganhos operacionais na fábrica de papel e aumento de volume de embalagens da fábrica de Santa Catarina.
O que ainda falta entregarem, e é uma das grandes vertentes de resultado, é maior produção de papel de alta gramatura na Máquina 1, mas o mercado está fraco, principalmente na construção civil, mas estão otimistas que quando esse mercado evoluir vão vender mais papeis de fibra e colocar mais preços neste segmento.
Margem Ebitda após investimentos da Plataforma Gaia
A redução de custos podem elevar a margem EBITDA em alguns pontos ainda, o que depende também do mercado e outras variáveis. Com certeza mudarão de patamar em margem ebitda após os investimentos.
ROIC (Rentabilidade sobre o Capital Investido) deve aumentar
Ainda tem um pouco de investimentos da Plataforma Gaia acontecendo e por isso ainda pode ter alguma redução do ROIC este ano, dependendo muito de como o Ebitda vai se comportar, mas estão muito próximos do momento de mínima da rentabilidade sobre o capital investido ROIC, para voltar a um movimento ascendente.
Eles tem um critério de taxa de retorno (TIR) que supera muito o custo de capital para aprovar qualquer projeto.
Novo ciclo de investimentos pós Plataforma Gaia:
A Irani tem duas plataforma\as de investimento:
A Plataforma Gaia, na qual acabaram de anunciar um novo investimento na máquina 5 para aumentar cerca de 7% sua capacidade.
Na Gaia, buscam projetos que ampliem retorno e que não dependam de mercado, olhando para dentro e com captura de produtividade e margem por meio de redução de custos e pequenos aumentos de capacidade pontuais.
A segunda e nova Plataforma é a Neos, um projeto focado em investimentos orgânicos para aumento de capacidade que está sendo discutido no orçamento e deve ser anunciada a partir deste ano.
Aquisições estão sempre no radar, mas são conservadores neste tema, para que haja efetivamente uma geração de valor para os acionistas. A Irani tem experiência em aquisições, com uma grande compra realizada em 2013, e sabe os desafios que têm as empresas que adquirem operações existentes, na integração e operação, nos investimentos para adequação ao nível de atendimento a legislação ambiental. As vezes as adquiridas tem muitos problemas e acham o crescimento orgânico mais seguro.
O capex de manutenção atualização para 2024 e 2025 deve ser parecido com o do ano passado em cerca de R$110 milhões por ano e até pode ter alguma redução a partir de 2025 em função de investimentos em novos equipamentos que demandam menos manutenção.
Endividamento e Dividendos
A curva ascendente de dívida liquida/ebitda está até um pouco melhor que planejado e ainda aumentará um pouco este ano no pico da elevação do endividamento pelos investimentos da Plataforma Gaia. No final de 2024 começa uma curva descendente de endividamento e em 2025 deve ocorrer desalavancagem importante abrindo espaço para um novo ciclo de investimento importante.
Continuam a pagar dividendos de 25% do lucro (payout) ao longo dos trimestres e mais 25% do lucro no fechamento do exercício, totalizando 50% de payout sobre o lucro líquido.
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